Domingo, dia 24 de janeiro de 2010, eu, Lúcia, e o João fomos ao zoológico com as crianças do Cala-boca já morreu. Estavam presentes, desta vez, Laúcia, Madalena e Gilvam.
Algumas das crianças não conseguiram chegar no horário combinado. Esperamos um pouco e nada. Liguei para saber o que houve. Muitas perderam a hora e ainda estavam dormindo. Então tivemos que ir sem elas.
Foi um dia muito bacana!
Eu olhava o Gilvam abraçando e beijando o João com tanto carinho que parecia ser o pai dele.
Então veio à minha cabeça, o porquê de em certos momentos algumas das crianças nos chamarem de mãe ou pai.
Lógico: por confiança. Somos uma referência, um apoio para elas, o que faz com que se sintam seguras a ponto de poderem expressarem livremente seus sentimentos.
Se pararmos para pensar, quando as mães dessas crianças permitem que seus filhos saiam com a gente, elas estão entregando o que ela possuem de mais precioso e acreditam que vamos cuidar como se fôsemos ela, ou como se a gente estivesse cuidando de nossos próprios filhos. Por isso, é comum ouvirmos delas, quando saímos com as crianças. “Cuida como se fosse seu!”
Errado. Quando isso acontece, o normal é ficarmos muito mais preocupados com os filhos delas do que com os nossos, porque quando o filho é nosso, a gente confia porque sabe até onde é o limite dele. Porém, quando é de outra pessoa, a atenção é maior. Eu fico aflita, temo que algo possa acontecer e torço que até o fim do passeio nada de errado ocorra.
No zoológico tudo ocorreu conforme a chuva nos deixou andar.
Olhamos tudo com muita calma, lendo as fichas técnicas dos animas e olhando o espaço que eles se encontravam.
Como estava chovendo, tivemos que parar um pouco no espaço de piquenique, um dos lugares protegidos da chuva forte. Nesse momento, as crianças conversaram muito com o João. Foi quando ele falou que tinha visitado o zoológico no dia quando ele foi inaugurado.
Logo o interesse das crianças aumentou. Fizeram diversas perguntas para ele:
– Quantos animais tinha?
– O zoológico era igual ao de agora?
Quando percebi que estavam ali, fazendo uma entrevista com o João, sugeri que quando estivéssemos num lugar mais sossegado, elas poderiam gravar essa entrevista com ele, caso ele permitisse. Ele aceitou.
Quando passou a chuva forte, aproveitamos para visitar os espaços que não tínhamos visto, mas logo a chuva voltou e tivemos que ir embora sem ver tudo o que queríamos.
Até chegar em casa foi um desafio de medo, de tanto que estava chovendo em São Paulo. E se tivesse alagado algumas das avenidas pelas quais iríamos passar?
Ainda bem que foi apenas susto. Nada alagou até chegarmos.
Quando chegamos em casa, como sempre, sentamos um em frente ao outro para conversar e as crianças decidiram que seria legal contar por escrito (fazer uma ata, como dizem) sobre como foi o dia no parque. Cada um falou aquilo que lembrava. Assim que terminamos, partimos para a gravação da entrevista, depois fizemos as considerações, ouvimos e discutimos o que ficou legal e que não gostamos.
Muito legal! O João gravou pela primeira com o grupo.
Acreditem, as crianças deram uma lição de como se deve ouvir o outro e não falar em paralelo quando um outro está falando.
Teve alguns momentos em que eu também participei da entrevista. Até esqueci que era mediadora e entrei na conversa e isso tornou o processo riquíssimo.
Foi bem legal também ouvir e depois explicar ao João o porquê não podemos conversar durante a gravação.
Achei bacana o dia e como o João ficou atento ao que as crianças falavam.